Andre Dahmer

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Conversas “num bar ruim que é bão”


Meio assustado cheguei, pelo menos foi o que relatou Grazi ao estranhar minha expressão, nem quero imaginar como era. A turma da mesa foi se juntando à medida que alguns chegavam.. Como num fogão a lenha, a conversa foi aos poucos esquentando, assoprava-se de tempo em tempo os gravetos de madeira que viriam aquecer a nossa roda de conversa e degustações. Às vezes, as conversas ficavam paralelas, pois, emergiam assuntos diversos num mesmo momento, seria impossível sistematizá-los diante do furor das singularidades e novidades que cada um trazia. Mais vale ressaltar que mesmo sendo paralela, a conversa não se perdia do tom no papo ao redor.
            
Falando em esquentar, a coisa esquentou pra valer quando surgiu o tal “pastel mexicano” presenteado ao amigo sentado do meu lado. Olha, a analogia do esquentar vale no sentido dos mexicanos, um povo forte que desafia a morte, altas dose da famosa tequila e o gosto demasiado por pimenta. Você deve estar pensando, o que esse tal “pastel mexicano” tem haver com essas características do povo mexicano? Digo-lhe que não exatamente tem haver (eu acho), este pastel feito à moda da casa no bar do Ivan, é atípico frente aos cardápios que encontramos por aí. Se estiver esperando dizer do que se trata esse tal pastel, sinto muito em informá-lo que é segredo de veteranos, ou melhor, despertar sua vontade de ir lá conferir ou ser presenteado por alguém que já conheça o bar, e claro, este item no cardápio especial “para amigos”. O que posso dizer é que essa especialidade da casa provoca uma energia interessante, diria que vem acompanhado por risos e também estranhamento. Você deve estar se perguntando, que tipo de cardápio faria emergir tamanha alegria, extroversão na roda de amigos “num bar ruim que é bão”, e que faz revelar conversas inimagináveis de amigos que nos acompanham por tanto tempo nesta vida. É uma experiência interessante, claro que devemos entender o contexto, que na mesa o social se fazia acompanhado pela serra malte (raridade), sminorff-ice, jurupinga, coca-cola, e não poderia deixar de dizer de novo, o famoso “pastel mexicano”.
            
Dias assim não sairão da memória, foi tão legal que decidi escrever este “diário de um bar ruim que é bão”. As conversas foram se diluindo a cada gole, podendo conhecer um pouco mais de cada pessoa vista pela primeira vez, ou conhecidas há tempos nesta caminhada da vida. Nada de sincronia neste momento, a deficiência e fineza pouco importa, o que vale é cada um poder expressar o que é, revelando um pouco de seu ego aprisionado pelo dito “bom costume” da sociedade.  A subversão faz bem à educação, mais sempre com moderação. Portanto, o ministério do bar do Ivan adverte, “pastel mexicano” faz bem para a amizade, diria até para o coração. Tá bom, pode conter muitas calorias, mais duvido que não serão queimadas após uma longa gozação. Bom apetite!

De algum lugar próximo ao cemitério da saudade (é, vai deixar saudade), mais conhecido como bar do Ivan.

Escrevi este texto para registrar momentos ímpares no dia 22 de outubro de 2010, lembrando que outubro é o "mês do vermelho", mês que ocorreu a revolução Bolchevique, a morte de Che Guevara (segundo relato do amigo da Grazi, e confirmado pelo Wikipédia). Mais valendo mesmo a revolução do encontro de todos nós neste momento coletivo, no bate-papo, na interação. Estavam presentes: Ane, Alvaro, Anika, Claúdio, Grazi, Maria, Namorado de Maria (não me lembro o nome), e "Euzinho".