Como relembrar momentos fortes, estonteantes, capaz de fazer
perder os sentidos vivos. Foi um pouco assim o sentimento frente a uma cena de
um século distante que está sempre tão próximo da gente.
Difícil tentar fazer a leitura do dia, frente a uma realidade
manicomial, homens e mulheres com traços estigmatizados, perambulando com o que
é possível na sua subjetividade aprisionada por tanto tempo. Pensar como se
senti ali, tentando se relacionar com pessoas com grave dependência institucional,
fragilizados pelas correntes do abandono, institucionalizados e amarrados por
uma organização que faz da sua ação o ganha pão, o seu lucro.
Natureza morta, assim, foi o sentimento junto aquele espaço,
chapado pelas cores fortes, duras e estatizadas como na obra de Van Gogh.
O que estamos nós fazendo, enquanto profissionais, ou diria,
nós cidadãos?
A cena vem freneticamente nos pensamentos, martelando a película da memória, daquela dureza de realidade. “Um pouco de possível, senão eu sufoco”.