Andre Dahmer

sábado, 9 de abril de 2011

Juventude: o futuro que não encontra seu presente


           Quem nunca ouviu quando jovem, ou até mesmo praguejou essa fala quando adulto, de que a juventude é “o futuro da humanidade”. Expressão que atravessou décadas e encontra dificuldade para ganhar sentido no século XXI. Isso pelo fato do “tudo ao mesmo tempo agora” empregado na forma como estamos conectados. Não estou dizendo que a velocidade de interagir em redes sociais seja desinteressante, entretanto, entender como se dá essa relação e o que se pretende com ela são bem-vindas para a autonomia.
            Lembro-me quando no auge da juventude, metido em grupos de jovens, na diversidade de pensamentos, expressões, idéias bombavam com intensidade na busca de mudar a realidade.  Ainda vibram em mim.
            Ocorria uma participação cercada ora ou outra, de idéias implantadas por adultos “autoridade”, assim, estando na ânsia de engatar a movimentação íamos experimentando e projetando esse algo que não era “tão nosso”. Os adultos “autoridade” sacam da nossa energia e tentam o tempo todo canalizá-las para algum fim, nem sempre interessante diante da diversidade reunida. Há sempre um manual técnico, pouco aberto ou falsamente aberto. Isso limita, racionaliza por demais as ações. Interessante seria deixar-nos um diário (com impressões, relatos da forma externa, percepção e sensação interpretadas) e uma bússola analógica, estando nesse diário as impressões de quem já esteve lá, mais que não indica qual caminho percorrer. Desse modo,  compete a juventude trilhar por conta de sua sensibilidade e percepção, porque o diário limita essa relação ao dizer o que tinha neste lugar e como é, assim a imaginação ganha sentido, logo, diferente sentido quando começamos a ter nossas próprias impressões.
            A vida fica mais presente, as pessoas também. Mais é claro que não se trata de parar no tempo, memória, tudo está se movimentando quando se trata de relações culturais. E que fique claro que este texto fala de potencial da juventude sim. Enganam-se quem pensou que iria abaixar a moral da juventude contemporânea neste texto, ela está engajada, mais por outros meios. Lembre-se da bússola e do diário (quando há neh!) deixados para ela, cabendo ela – juventude – sentir a necessidade deles. Essas ferramentas são impressões de vida, experiências singulares, que não cabem como modelos, padrões universais, para a juventude. Este caminho, que pode ser por terra, mar, ou ar, vai ser trilhado por essa trupe – juventude - que busca sentido em meio a tanta cobrança e frustrações da sociedade que muito a fazem gozar precocemente. Como disse anteriormente, o adulto “autoridade’ (mídia, família, religião, escola, etc.) força a juventude à ocupar um lugar que nem sempre é o melhor, um lugar que não deixa espaço para a experiência, para a autonomia, para a vida que lhe é de direito. Para quem pensou algo moral nessas idéias anteriores, reflitam se não estão sendo adultos “autoridade”, pois o que se trata aqui é ir além de uma tradição que deseja fincar lugar em território alheio.
           A juventude quer viver, não como eu e você quer. Ela tem seu desejo, angústia, alegria, deixemos espaço para que sintam e experienciem a desarmonia e harmonia se movimentando, vibrando em seu corpo. Podemos conhecer esse movimento, por um contato humano e que também teve seu amadurecimento. Não sejamos exploradores e catequizador dessa dança circular da juventude. Deixemo-la abrir esse presente que é a vida. Venha juventude, abra o seu presente!